O Daniel já não está só.
A Filipa veio fazer-lhe companhia em 29 de Abril deste ano.
Foi comovente ouvir da boca dele, quando me viu pegar na irmã ao colo, depois de lhe pedir autorização para o fazer:
"Podes, avô, mas pega-lhe com cuidado, não a apertes muito, está bem?"
Assim são as relações de avós e netos. Puras e sinceras.
Entretanto,recordo, com saudade o azulejo pintado à mão que a minha avó Hermínia (que nome bonito para uma avó!)tinha na sala de jantar e que, de algum poeta anónimo, transcrevia a seguinte quadra:
"Eu não quero mais afectos
Do que o calor de uma brasa
E o sorriso dos meus netos
À volta da minha casa"
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
domingo, 18 de dezembro de 2011
Torga, Soares e a Europa
Torga é para mim o escritor de todos os momentos e para todas as circunstâncias.
Leio-o, releio-o, cito-o, decoro-o e sempre encontro nele a força do granito, a doçura das urzes, a autenticidade da natureza, a leitura permanentemente dos "nadas da vida".
Dei hoje comigo a reler e a rever a sua fotobiografia.
Não resisto:
"Coimbra, 7 de Maio de 1994
Meu caro Dr. Mário Soares:
Como lhe tinha garantido de viva voz, acabei esta noite de ler de fio a pavio as suas INTERVENÇÕES 8. E aqui estou a agradecer-lhe a gentileza da oferta do livro e a felicitá-lo por muitas páginas que nele particularmente apreciei, a começar pelas do lúcido e desassombrado prefácio. E também as que dizem respeito ao dia de Portugal e outras e outras. Você tem o pensamento ágil e a expressão fácil. É um dom dos deuses. Pena é que o seu medular optimismo doire sempre as conclusões de cada arrazoado. Refiro-me concretamente às idílicas considerações com que remata todas as referências à Europa. Eu também sou, e com desvanecimento, europeu.Mas disse um dia destes a um jornalista do Le Monde que só o era com significação se continuasse a ser plenamente português. Desculpe lembrar-lhe esta nossa velha divergência, infelizmente irremediável, que só trago à colação por descargo de consciência. Não há, nem haverá num futuro previsível, outra Europa senão esta malfadada do capitalismo insaciável e tentacular.
Um abraço do seu sempre dedicado admirador"
Há 17 anos
Leio-o, releio-o, cito-o, decoro-o e sempre encontro nele a força do granito, a doçura das urzes, a autenticidade da natureza, a leitura permanentemente dos "nadas da vida".
Dei hoje comigo a reler e a rever a sua fotobiografia.
Não resisto:
"Coimbra, 7 de Maio de 1994
Meu caro Dr. Mário Soares:
Como lhe tinha garantido de viva voz, acabei esta noite de ler de fio a pavio as suas INTERVENÇÕES 8. E aqui estou a agradecer-lhe a gentileza da oferta do livro e a felicitá-lo por muitas páginas que nele particularmente apreciei, a começar pelas do lúcido e desassombrado prefácio. E também as que dizem respeito ao dia de Portugal e outras e outras. Você tem o pensamento ágil e a expressão fácil. É um dom dos deuses. Pena é que o seu medular optimismo doire sempre as conclusões de cada arrazoado. Refiro-me concretamente às idílicas considerações com que remata todas as referências à Europa. Eu também sou, e com desvanecimento, europeu.Mas disse um dia destes a um jornalista do Le Monde que só o era com significação se continuasse a ser plenamente português. Desculpe lembrar-lhe esta nossa velha divergência, infelizmente irremediável, que só trago à colação por descargo de consciência. Não há, nem haverá num futuro previsível, outra Europa senão esta malfadada do capitalismo insaciável e tentacular.
Um abraço do seu sempre dedicado admirador"
Há 17 anos
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