terça-feira, 16 de outubro de 2007

Dia do Professor Moçambicano


Concentração de Professores

Organização Nacional dos Professores

Um Professor na Praça dos Heróis (com o filho ao colo)

Em Pemba estava eu a 12 de Outubro, dia do Professor Moçambicano.
Interromperam-se os trabalhos do ENDET para, logo de manhã, muito cedo, (em Pemba aquece muito e o sol nasce às 4:30 da manhã) nos dirigimos para a "Praça dos Heróis" e assistirmos às homenagens merecidas.
Presença do Governador Provincial, da Directora Provincial de Educação (muito jovem e muito bonita) e de outros representantes oficiais, entre eles o "presidium" do ENDET. Muitos professores e muito povo.
Discursos na mesma linha: o professor agente da transformação desejada e em curso, qual promotor de revolução tranquila e o agradecimento global a esses heóis moçambicanos, "sendo certo que alguns podem ter comportamentos menos convenientes", mas nunca a árvore há-de ocultar a floresta.
E o Hino do Professor foi cantado e fez-me transferir para outros contextos.

A letra é assim:

"Nós somos educadores das gerações
Marchemos todos firmes, decididos
Na formação do Homem novo
Na construção de um Mundo melhor - bis

A nossa luta é pela paz
Nosso combate pelo progresso
Ciência e técnica nas mãos do povo
Moçambique será sempre rico e forte

A unidade e o livro são nossas armas
Eduquemos com exemplo e firmeza
No amor à Pátria, no amor ao Povo
a trabalhar, Professores, venceremos" -
bis
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Alegria


O Departamento de Estatística do Ministério da Educação e Cultura apresentou, agora, no ENDET, o balanço do ano de 2006.
No relatório, lá se pode ler, no que diz respeito às escolas profissionais, :"... o aproveitamento escolar registou um incremento significativo pois passou de 60,4% em 2005 para 70,1% em 2006, e os crecimentos mais expressivos foram apurados em Gaza, Maputo e Niassa" E, em termos de conclusão, pode ler-se " (...) O ensino técnico elementar e o ramo agrário, em 2006, são os níveis de ensino que tiveram os melhores níveis de desempenho escolar dos alunos, com taxas de 70,1% e 76,1%, respectivamente"
Fiquei vaidoso , cantei silenciosamente o "É preciso Acreditar" do Adriano, e no "coffe-break" souberam-me bem os abraços que recebi.
Daqui abraço também os que têm ajudado a construir este edifício de futuro.
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XIX ENDET -PEMBA

Baía de Pemba
Areais finos a perder de vista
Animação Cultural na Cerimónia de Abertura
Sob o lema " Educação Para Todos, Competências Para a Produção e Desenvolvimento do País", decorreu em Pemba (antiga Porto Amélia) província de Cabo Delgado o XIX ENDET (Encontro Nacional de Directores das Escolas Técnicas)
Pemba, tem adjacente a 3ª maior e a 13ª mais bonita baía do mundo.
A primeira vez que conheci Pemba foi em 1998 , quando fiz o levantamento, no terreno, das escolas de artes e ofícios existentes em cinco das dez províncias de Moçambique. Desta vez, deu para me encantar um pouco mais com a beleza natural desta praia.
Em termos turísticos, a cidade melhorou as suas infraestruturas: um dos melhores hoteis do mundo está aqui: os preços são um atentado à miséria que vive ao lado. Uma noite, numa suite, custa o que ganha um trabalhador moçambicano durante quatro anos de trabalho...
Na sala onde decorreram os trabalhos estava patente uma exposição fotográfica que remetia para a luta armada aqui travada com dureza e sacrifício para ambas as partes. Valas comuns onde foram enterrados muitos patriotas moçambicanos, a casa da PIDE/DGS onde, outros , foram torturados, e a "Base Moçambique" - um dos objectivos da operação "Nó Górdio" conduzida por Kaulza de Arriaga - fizeram-me saborear um amargo nó na garganta.
E até o grupo cultural que nos animou tinha o sugestivo nome de "Quarenta Anos de Luta"
Cabo Delgado é, realmente, o solar da independência de Moçambique e os macondes, aqui residentes, têm orgulho na luta que desenvolveram contra o regime colonial português.
A História tem, no entanto, que se aceitar e bons são os povos que não guardam rancor relativamente ao passado, que apostam na solidariedade que o futuro pode trazer e que, nestes dias, partilharam experiências em torno da educação do que de mais precioso pode ter um país: a sua Juventude.
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sábado, 6 de outubro de 2007

Casamento II - "Lobolo"


O dote em dinheiro
A noiva entrega ao Senhor, seu Pai, o dote em dinheiro
embrulhado numa capulana e depois de "negociado"

O fato completo para o pai da noiva


Algumas das dádivas à noiva

Na véspera do casamento civil e religioso tem lugar o lobolo e anelamento, em que os representantes do noivo apresentam à familia da noiva um conjunto de dávidas que se destinam a compensar a sua saída daquela família e daquele lar.
Cerimónia contestada por alguns, que vêem nela "a compra" da noiva, o lobolo é, antes de mais, um contrato que responsabiliza a família da noiva no sentido de impedir que o casamento se dissolva por culpabilidade dela, pois, neste caso, o dote terá que ser devolvido.
Deste modo, a família e os padrinhos ao descobrirem qualquer problema no novo lar terão que intervir, acompanhar e ajudar a resolver a situação.
O dote exigido, previamente anunciado e considerado razoável pelos mais experientes, era o seguinte:
Dinheiro de anelamento : 5 000 ooo,00 de meticais; Bebidas: um garrafão de vinho,uma caixa de cerveja,uma caixa de refresco,uma garrafa de vinho branco; Roupa do papá: fato completo, camisa, gravata, par de sapatos,bengala,cinto,chapéu,par de meias; Roupa da mãe:um fato,um mucume e vemba,capulana,lenço,uma carteira,um par de sapatos,rapé,uma capulana e quenca; Roupa da noiva :um fato,um par de sapatos,uma calcinha,uma carteira,um par de brincos de ouro,um fio de ouro,um anel de ouro,um mascote de ouro, um relógio; Avós: um mucume e vemba,uma camisa e gravata; Tias: duas capulanas e lenços, lenço para dinheiro.
A cerimónia ocorre em casa da noiva, com o mestre de cerimónias a fazer sentar os padrinhos em lugar de destaque e em "cadeiras especiais".
Da família, os homens, pai da noiva incluído, sentam-se em cadeiras e as mulheres sentam-se em esteiras, no chão.
Começa, então, um interessante diálogo entre a família da noiva e os representantes do noivo, que tem de estar ausente, mas andar por perto.
No diálogo, a famílai pergunta ao que vêm aqueles estranhos e a resposta centra-se no pedido da mão de uma menina que habita aquele lar.
O pai manda entrar todas as filhas para que a eleita seja indicada, sendo-lhe perguntado se "conhece aqueles senhores". A resposta é "sim, conheço papá, são família do meu noivo".
As irmãs retiram-se e a noiva é convidade a sentar-se no chão, começando então a ser apresentado o dote à medida que as diferentes dádivas são solicitadas por membros da família. Tudo é espalhado no chão, sendo o dinheiro depositado, nota a nota, numa capulana nova, aberta sobre uma esteira.
Começa então um acerto negocial, normalmente solicitado pelas tias, que acham que a sobrinha "vale" um pouco mais e a presença de moedas no dote é
condição necessária. A cada pedido, sempre discutido e regateado, cai mais uma nota, normalmente vinda dos padrinhos que vão prevenidos com notas de pequeno valor. Aceita-se, por fim, o dote e rompem cantares de satisfação por parte das mulheres presentes.
E chega o momento mais comovente: a noiva embrulha o dinheiro na capulana e, de joelhos, entrega-o pai, dizendo: "Papá, recebe, não tenhas medo, nunca vais devolver este dinheiro, pois eu juro-te, na presença de todos e dos padrinhos, que nunca serei preguiçosa no meu lar, que hei-de ser uma esposa fiel e dedicada ao meu marido e que nunca o meu casamento se destruirá por minha culpa. Aceita, papá e deixa-me partir desta casa onde fui criada, que eu prometo visitar-te muitas vezes. Abençoa-me papá!"
Entretanto o pai retira-se para vestir o seu fato novo, regressando, pouco depois, com um ar imponente e patriacal, batendo com a bengala, compassadamente, no chão.
O padrinho vai, então, buscar o noivo e entrega-o à noiva. Explode uma alegria colectiva, com cantos e danças tradicionais, com hilariantes risos por parte das mulheres e que só param quando uma lauta refeição começa a ser servida.
E, daqui a pouco, vão começar as outras cerimónias.
Boa noite!
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Casamento I

Tive que disponibilzar 4 dias, para me integrar nos rituais do casamento em que tive a honra e responsabilidade de ser padrinho.
Como aluno, tive de ouvir as "lições" dos experientes e , de bloco na mão, comecei a a anotar procedimentos, posturas, respostas adequadas, que teria que saber na hora certa e nos locais certos.
A mistura de um ritual tipicamento africano e pagão com a religiosiodade da parte católica das cerimónias , deram-lhe uma força e um colorido que jamais esquecerei. O que me impressionou foi a seriedade das cerimónias, com os seus rituais, a sua alegria, a sua cor, a sua magia.
Como padrinho tinha de saber tudo, de estar sempre no local certo, de decidir na hora, de me sentir importante, "de mandar nas cerimónias"
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terça-feira, 2 de outubro de 2007

Interregno

Fui, praticamente, forçado a um interregno "bloguista"
Primeiro, uma gripe, designada como "virose atípica africana" que me pôs a pão e laranjas durante quase quatro semanas e me fez fazer despite de malária por três vezes; depois, o casamento africano em que fui padrinho e que me ocupou 4 dias à média de 18 horas/dia. A seguir, um salto a Angola por motivos profissionais.
Claro que ninguém terá dado por esta ausência, mas foram tantas ,tão interessantes e tão ricas as experiências colhidas, que não resitirei a publicá-las.
Até àmanhã!
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