Organização Nacional dos Professores
Um Professor na Praça dos Heróis (com o filho ao colo)
Em Pemba estava eu a 12 de Outubro, dia do Professor Moçambicano.
Interromperam-se os trabalhos do ENDET para, logo de manhã, muito cedo, (em Pemba aquece muito e o sol nasce às 4:30 da manhã) nos dirigimos para a "Praça dos Heróis" e assistirmos às homenagens merecidas.
Presença do Governador Provincial, da Directora Provincial de Educação (muito jovem e muito bonita) e de outros representantes oficiais, entre eles o "presidium" do ENDET. Muitos professores e muito povo.
Discursos na mesma linha: o professor agente da transformação desejada e em curso, qual promotor de revolução tranquila e o agradecimento global a esses heóis moçambicanos, "sendo certo que alguns podem ter comportamentos menos convenientes", mas nunca a árvore há-de ocultar a floresta.
E o Hino do Professor foi cantado e fez-me transferir para outros contextos.
A letra é assim:
"Nós somos educadores das gerações
Marchemos todos firmes, decididos
Na formação do Homem novo
Na construção de um Mundo melhor - bis
A nossa luta é pela paz
Nosso combate pelo progresso
Ciência e técnica nas mãos do povo
Moçambique será sempre rico e forte
A unidade e o livro são nossas armas
Eduquemos com exemplo e firmeza
No amor à Pátria, no amor ao Povo
a trabalhar, Professores, venceremos" - bis
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Alegria
O Departamento de Estatística do Ministério da Educação e Cultura apresentou, agora, no ENDET, o balanço do ano de 2006.
No relatório, lá se pode ler, no que diz respeito às escolas profissionais, :"... o aproveitamento escolar registou um incremento significativo pois passou de 60,4% em 2005 para 70,1% em 2006, e os crecimentos mais expressivos foram apurados em Gaza, Maputo e Niassa" E, em termos de conclusão, pode ler-se " (...) O ensino técnico elementar e o ramo agrário, em 2006, são os níveis de ensino que tiveram os melhores níveis de desempenho escolar dos alunos, com taxas de 70,1% e 76,1%, respectivamente"
Fiquei vaidoso , cantei silenciosamente o "É preciso Acreditar" do Adriano, e no "coffe-break" souberam-me bem os abraços que recebi.
Daqui abraço também os que têm ajudado a construir este edifício de futuro.
XIX ENDET -PEMBA
Baía de Pemba
Areais finos a perder de vista
Animação Cultural na Cerimónia de Abertura
Sob o lema " Educação Para Todos, Competências Para a Produção e Desenvolvimento do País", decorreu em Pemba (antiga Porto Amélia) província de Cabo Delgado o XIX ENDET (Encontro Nacional de Directores das Escolas Técnicas)
Pemba, tem adjacente a 3ª maior e a 13ª mais bonita baía do mundo.
A primeira vez que conheci Pemba foi em 1998 , quando fiz o levantamento, no terreno, das escolas de artes e ofícios existentes em cinco das dez províncias de Moçambique. Desta vez, deu para me encantar um pouco mais com a beleza natural desta praia.
Em termos turísticos, a cidade melhorou as suas infraestruturas: um dos melhores hoteis do mundo está aqui: os preços são um atentado à miséria que vive ao lado. Uma noite, numa suite, custa o que ganha um trabalhador moçambicano durante quatro anos de trabalho...
Na sala onde decorreram os trabalhos estava patente uma exposição fotográfica que remetia para a luta armada aqui travada com dureza e sacrifício para ambas as partes. Valas comuns onde foram enterrados muitos patriotas moçambicanos, a casa da PIDE/DGS onde, outros , foram torturados, e a "Base Moçambique" - um dos objectivos da operação "Nó Górdio" conduzida por Kaulza de Arriaga - fizeram-me saborear um amargo nó na garganta.
E até o grupo cultural que nos animou tinha o sugestivo nome de "Quarenta Anos de Luta"
Cabo Delgado é, realmente, o solar da independência de Moçambique e os macondes, aqui residentes, têm orgulho na luta que desenvolveram contra o regime colonial português.
A História tem, no entanto, que se aceitar e bons são os povos que não guardam rancor relativamente ao passado, que apostam na solidariedade que o futuro pode trazer e que, nestes dias, partilharam experiências em torno da educação do que de mais precioso pode ter um país: a sua Juventude.
Areais finos a perder de vista
Animação Cultural na Cerimónia de Abertura
Sob o lema " Educação Para Todos, Competências Para a Produção e Desenvolvimento do País", decorreu em Pemba (antiga Porto Amélia) província de Cabo Delgado o XIX ENDET (Encontro Nacional de Directores das Escolas Técnicas)
Pemba, tem adjacente a 3ª maior e a 13ª mais bonita baía do mundo.
A primeira vez que conheci Pemba foi em 1998 , quando fiz o levantamento, no terreno, das escolas de artes e ofícios existentes em cinco das dez províncias de Moçambique. Desta vez, deu para me encantar um pouco mais com a beleza natural desta praia.
Em termos turísticos, a cidade melhorou as suas infraestruturas: um dos melhores hoteis do mundo está aqui: os preços são um atentado à miséria que vive ao lado. Uma noite, numa suite, custa o que ganha um trabalhador moçambicano durante quatro anos de trabalho...
Na sala onde decorreram os trabalhos estava patente uma exposição fotográfica que remetia para a luta armada aqui travada com dureza e sacrifício para ambas as partes. Valas comuns onde foram enterrados muitos patriotas moçambicanos, a casa da PIDE/DGS onde, outros , foram torturados, e a "Base Moçambique" - um dos objectivos da operação "Nó Górdio" conduzida por Kaulza de Arriaga - fizeram-me saborear um amargo nó na garganta.
E até o grupo cultural que nos animou tinha o sugestivo nome de "Quarenta Anos de Luta"
Cabo Delgado é, realmente, o solar da independência de Moçambique e os macondes, aqui residentes, têm orgulho na luta que desenvolveram contra o regime colonial português.
A História tem, no entanto, que se aceitar e bons são os povos que não guardam rancor relativamente ao passado, que apostam na solidariedade que o futuro pode trazer e que, nestes dias, partilharam experiências em torno da educação do que de mais precioso pode ter um país: a sua Juventude.
sábado, 6 de outubro de 2007
Casamento II - "Lobolo"
A noiva entrega ao Senhor, seu Pai, o dote em dinheiro
embrulhado numa capulana e depois de "negociado"
O fato completo para o pai da noiva
Na véspera do casamento civil e religioso tem lugar o lobolo e anelamento, em que os representantes do noivo apresentam à familia da noiva um conjunto de dávidas que se destinam a compensar a sua saída daquela família e daquele lar.
Cerimónia contestada por alguns, que vêem nela "a compra" da noiva, o lobolo é, antes de mais, um contrato que responsabiliza a família da noiva no sentido de impedir que o casamento se dissolva por culpabilidade dela, pois, neste caso, o dote terá que ser devolvido.
Deste modo, a família e os padrinhos ao descobrirem qualquer problema no novo lar terão que intervir, acompanhar e ajudar a resolver a situação.
O dote exigido, previamente anunciado e considerado razoável pelos mais experientes, era o seguinte:
Dinheiro de anelamento : 5 000 ooo,00 de meticais; Bebidas: um garrafão de vinho,uma caixa de cerveja,uma caixa de refresco,uma garrafa de vinho branco; Roupa do papá: fato completo, camisa, gravata, par de sapatos,bengala,cinto,chapéu,par de meias; Roupa da mãe:um fato,um mucume e vemba,capulana,lenço,uma carteira,um par de sapatos,rapé,uma capulana e quenca; Roupa da noiva :um fato,um par de sapatos,uma calcinha,uma carteira,um par de brincos de ouro,um fio de ouro,um anel de ouro,um mascote de ouro, um relógio; Avós: um mucume e vemba,uma camisa e gravata; Tias: duas capulanas e lenços, lenço para dinheiro.
A cerimónia ocorre em casa da noiva, com o mestre de cerimónias a fazer sentar os padrinhos em lugar de destaque e em "cadeiras especiais".
Da família, os homens, pai da noiva incluído, sentam-se em cadeiras e as mulheres sentam-se em esteiras, no chão.
Começa, então, um interessante diálogo entre a família da noiva e os representantes do noivo, que tem de estar ausente, mas andar por perto.
No diálogo, a famílai pergunta ao que vêm aqueles estranhos e a resposta centra-se no pedido da mão de uma menina que habita aquele lar.
O pai manda entrar todas as filhas para que a eleita seja indicada, sendo-lhe perguntado se "conhece aqueles senhores". A resposta é "sim, conheço papá, são família do meu noivo".
As irmãs retiram-se e a noiva é convidade a sentar-se no chão, começando então a ser apresentado o dote à medida que as diferentes dádivas são solicitadas por membros da família. Tudo é espalhado no chão, sendo o dinheiro depositado, nota a nota, numa capulana nova, aberta sobre uma esteira.
Começa então um acerto negocial, normalmente solicitado pelas tias, que acham que a sobrinha "vale" um pouco mais e a presença de moedas no dote é
condição necessária. A cada pedido, sempre discutido e regateado, cai mais uma nota, normalmente vinda dos padrinhos que vão prevenidos com notas de pequeno valor. Aceita-se, por fim, o dote e rompem cantares de satisfação por parte das mulheres presentes.
E chega o momento mais comovente: a noiva embrulha o dinheiro na capulana e, de joelhos, entrega-o pai, dizendo: "Papá, recebe, não tenhas medo, nunca vais devolver este dinheiro, pois eu juro-te, na presença de todos e dos padrinhos, que nunca serei preguiçosa no meu lar, que hei-de ser uma esposa fiel e dedicada ao meu marido e que nunca o meu casamento se destruirá por minha culpa. Aceita, papá e deixa-me partir desta casa onde fui criada, que eu prometo visitar-te muitas vezes. Abençoa-me papá!"
Entretanto o pai retira-se para vestir o seu fato novo, regressando, pouco depois, com um ar imponente e patriacal, batendo com a bengala, compassadamente, no chão.
O padrinho vai, então, buscar o noivo e entrega-o à noiva. Explode uma alegria colectiva, com cantos e danças tradicionais, com hilariantes risos por parte das mulheres e que só param quando uma lauta refeição começa a ser servida.
E, daqui a pouco, vão começar as outras cerimónias.
Boa noite!
embrulhado numa capulana e depois de "negociado"
O fato completo para o pai da noiva
Na véspera do casamento civil e religioso tem lugar o lobolo e anelamento, em que os representantes do noivo apresentam à familia da noiva um conjunto de dávidas que se destinam a compensar a sua saída daquela família e daquele lar.
Cerimónia contestada por alguns, que vêem nela "a compra" da noiva, o lobolo é, antes de mais, um contrato que responsabiliza a família da noiva no sentido de impedir que o casamento se dissolva por culpabilidade dela, pois, neste caso, o dote terá que ser devolvido.
Deste modo, a família e os padrinhos ao descobrirem qualquer problema no novo lar terão que intervir, acompanhar e ajudar a resolver a situação.
O dote exigido, previamente anunciado e considerado razoável pelos mais experientes, era o seguinte:
Dinheiro de anelamento : 5 000 ooo,00 de meticais; Bebidas: um garrafão de vinho,uma caixa de cerveja,uma caixa de refresco,uma garrafa de vinho branco; Roupa do papá: fato completo, camisa, gravata, par de sapatos,bengala,cinto,chapéu,par de meias; Roupa da mãe:um fato,um mucume e vemba,capulana,lenço,uma carteira,um par de sapatos,rapé,uma capulana e quenca; Roupa da noiva :um fato,um par de sapatos,uma calcinha,uma carteira,um par de brincos de ouro,um fio de ouro,um anel de ouro,um mascote de ouro, um relógio; Avós: um mucume e vemba,uma camisa e gravata; Tias: duas capulanas e lenços, lenço para dinheiro.
A cerimónia ocorre em casa da noiva, com o mestre de cerimónias a fazer sentar os padrinhos em lugar de destaque e em "cadeiras especiais".
Da família, os homens, pai da noiva incluído, sentam-se em cadeiras e as mulheres sentam-se em esteiras, no chão.
Começa, então, um interessante diálogo entre a família da noiva e os representantes do noivo, que tem de estar ausente, mas andar por perto.
No diálogo, a famílai pergunta ao que vêm aqueles estranhos e a resposta centra-se no pedido da mão de uma menina que habita aquele lar.
O pai manda entrar todas as filhas para que a eleita seja indicada, sendo-lhe perguntado se "conhece aqueles senhores". A resposta é "sim, conheço papá, são família do meu noivo".
As irmãs retiram-se e a noiva é convidade a sentar-se no chão, começando então a ser apresentado o dote à medida que as diferentes dádivas são solicitadas por membros da família. Tudo é espalhado no chão, sendo o dinheiro depositado, nota a nota, numa capulana nova, aberta sobre uma esteira.
Começa então um acerto negocial, normalmente solicitado pelas tias, que acham que a sobrinha "vale" um pouco mais e a presença de moedas no dote é
condição necessária. A cada pedido, sempre discutido e regateado, cai mais uma nota, normalmente vinda dos padrinhos que vão prevenidos com notas de pequeno valor. Aceita-se, por fim, o dote e rompem cantares de satisfação por parte das mulheres presentes.
E chega o momento mais comovente: a noiva embrulha o dinheiro na capulana e, de joelhos, entrega-o pai, dizendo: "Papá, recebe, não tenhas medo, nunca vais devolver este dinheiro, pois eu juro-te, na presença de todos e dos padrinhos, que nunca serei preguiçosa no meu lar, que hei-de ser uma esposa fiel e dedicada ao meu marido e que nunca o meu casamento se destruirá por minha culpa. Aceita, papá e deixa-me partir desta casa onde fui criada, que eu prometo visitar-te muitas vezes. Abençoa-me papá!"
Entretanto o pai retira-se para vestir o seu fato novo, regressando, pouco depois, com um ar imponente e patriacal, batendo com a bengala, compassadamente, no chão.
O padrinho vai, então, buscar o noivo e entrega-o à noiva. Explode uma alegria colectiva, com cantos e danças tradicionais, com hilariantes risos por parte das mulheres e que só param quando uma lauta refeição começa a ser servida.
E, daqui a pouco, vão começar as outras cerimónias.
Boa noite!
Casamento I
Tive que disponibilzar 4 dias, para me integrar nos rituais do casamento em que tive a honra e responsabilidade de ser padrinho.
Como aluno, tive de ouvir as "lições" dos experientes e , de bloco na mão, comecei a a anotar procedimentos, posturas, respostas adequadas, que teria que saber na hora certa e nos locais certos.
A mistura de um ritual tipicamento africano e pagão com a religiosiodade da parte católica das cerimónias , deram-lhe uma força e um colorido que jamais esquecerei. O que me impressionou foi a seriedade das cerimónias, com os seus rituais, a sua alegria, a sua cor, a sua magia.
Como padrinho tinha de saber tudo, de estar sempre no local certo, de decidir na hora, de me sentir importante, "de mandar nas cerimónias"
Como aluno, tive de ouvir as "lições" dos experientes e , de bloco na mão, comecei a a anotar procedimentos, posturas, respostas adequadas, que teria que saber na hora certa e nos locais certos.
A mistura de um ritual tipicamento africano e pagão com a religiosiodade da parte católica das cerimónias , deram-lhe uma força e um colorido que jamais esquecerei. O que me impressionou foi a seriedade das cerimónias, com os seus rituais, a sua alegria, a sua cor, a sua magia.
Como padrinho tinha de saber tudo, de estar sempre no local certo, de decidir na hora, de me sentir importante, "de mandar nas cerimónias"
terça-feira, 2 de outubro de 2007
Interregno
Fui, praticamente, forçado a um interregno "bloguista"
Primeiro, uma gripe, designada como "virose atípica africana" que me pôs a pão e laranjas durante quase quatro semanas e me fez fazer despite de malária por três vezes; depois, o casamento africano em que fui padrinho e que me ocupou 4 dias à média de 18 horas/dia. A seguir, um salto a Angola por motivos profissionais.
Claro que ninguém terá dado por esta ausência, mas foram tantas ,tão interessantes e tão ricas as experiências colhidas, que não resitirei a publicá-las.
Até àmanhã!
Primeiro, uma gripe, designada como "virose atípica africana" que me pôs a pão e laranjas durante quase quatro semanas e me fez fazer despite de malária por três vezes; depois, o casamento africano em que fui padrinho e que me ocupou 4 dias à média de 18 horas/dia. A seguir, um salto a Angola por motivos profissionais.
Claro que ninguém terá dado por esta ausência, mas foram tantas ,tão interessantes e tão ricas as experiências colhidas, que não resitirei a publicá-las.
Até àmanhã!
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