domingo, 16 de setembro de 2007

Chokwè

Ao visitar Chokwè, antiga Trigo de Morais, não posso esquecer o que aqui vi, quando a visitei, logo em 2001.
As cheias tinham desfeito a cidade. Na escola agrária acumulava-se lama com um metro de altura e o caos estava instalado. A água tinha subido até ao primeiro andar. Os dormitórios não tinham esgotos, nem água, nem luz e eram autênticos viveiros de malária. Os documentos que constituiam o arquivo da Escola estavam pendurados em cordéis, como peças de roupa, à espera que o sol lhes secasse a humidade e os tornasse minimamente legíveis. Nos alunos só havia descrença estampada nos olhares tristes e conformados.
Também a guerra havia afectado muito a região. Nesses tempos a escola servia de abrigo quer a alunos quer à comunidade em geral. E, mesmo assim, era flagelada com fogo de artilharia que matava e provocava muitas danificações . E se a guerra tinha o carimbo dos homens, Deus carimbou as restantes calamidades. Pobre gente!
Agora vi uma cidade renascida. E para a continuação desse renascimento eu apareci para anunciar a recuperação da escola por intermédio da Cooperação Portuguesa.
Mas o que me surpreendeu foi ter visto, num "placard" do gabinete da Direccção, um galhardete da Escola Profissional de Agricultura de Abrantes. O intercâmbio, feito em 2002, não estava apagado e a "minha" escola não estava esquecida.
Ainda me avisam para não ser emotivo!

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1 comentário:

JMA disse...

Há sementes que nunca morrem. Abraço.