Deu-me o coração um baque e antes de deixar partir o que não conhecia, pus-me a folhear centenas de dossiers, de folhas amareladas, carcomidas pelas traças e cheias de poeira.
Talvez a virose atípica que me reteve em casa durante oito dias ( e que me levou, por três vezes, a fazer o despiste da malária) tivesse tido origem naquela bolorenta pesquisa.
E ainda bem que o fiz: recolhi e irei conservar muitos daqueles documentos. Fazem parte da História da Educação de Moçambique e talvez um dia tenham relevante préstimo.
Deixarei, para o fim destas transcrições, a citação cronológica destes documentos.
Em "Directivas para as Escolas" do ano de 19... poder-se-à ler no capítulo reservado a "Professores":
"1. O professor educa pelo exemplo:
- Pelo seu grau de consciência política e profissional
- Pela competência profissional
- Pela disciplina
- Pelos métodos de ensino e de trabalho
- Pela apresentação
Assim, deve apresentar-se de cabelo cortado, sempre penteado, limpo. Os professores devem apresentar-se de balalaica na aula teórica e de bata da cor adoptada para as aulas práticas. Serem pontuais, assíduos, dedicados e delicados.
2.Os professores devem constituir um grupo homogéneo em relação à metodologia, à avaliação e à exigência do cumprimento do programa, à observância do regulamento interno da escola e demais normas em vigor.
3.Todos participam nas reuniões dos grupos de disciplina e as ausências são justificadas perante o responsável que analisa se o motivo apresentado é válido ou não.
4. O liberalismo dos professores gera indisciplina e confusão no seio dos alunos. Um professor que não se prepara para dar as suas aulas, que não exige que os alunos estudem, que não exige aprumo e respeito, perde autoridade perante os alunos. Igualmente, se não estuda e não se esforça por melhorar a qualidade das suas aulas e esconde a sua ignorância pelo excesso de exigências perderá a confiança dos alunos.
5.O professor deve ter presente que na Sala de Aula, é a autoridade máxima. Representa o Director que, por sua vez, é o representante do Poder na escola.
Nunca deve esquecer que a autoridade não é antagónica à democracia. Ele é o centro principal da vida democrática da Escola, devendo criar condições para que os alunos, individualmente e em grupo, desenvolvam as suas capacidades de riação e iniciativa e para a sua participação consciente na realização dos principais objectivos e tarefas da Escola.
Cabe-lhe, por isso, exercitar o aluno na prática do poder popular democrático"
1 comentário:
Espero que a mudança de gabinete seja para melhor (há uma estória no meu blog sobre isso...). Congratulo-me com o facto da virose não ter passado disso...
E talvez o arquivo não seja assim tão morto....
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